Sobre o Festival Novas Frequências

___Estadão___

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,sintonia-fina-,809202,0.htm

“Festival carioca Novas Frequências aponta direções para uma música exigente e de propostas sem limites”

“Pequenino porém valente, o festival Novas Frequências chegou aos 45 do segundo tempo para injetar entusiasmo na monotonia que permeou grande parte das excursões de bandas estrangeiras pelo País este ano.”

http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,vanguarda-pop-e-indie-em-festival-de-musica-no-rio,807840,0.htm

“Vanguarda pop e indie em festival de música no Rio”

“Afluentes altamente criativos da música contemporânea se encontram a partir de hoje no teatro Oi Futuro Ipanema, no Rio. Os shows fazem parte do festival Novas Frequências, que busca estabelecer-se no vácuo de eventos que trazem ao Brasil nomes alternativos menos conhecidos, embora de forte relevância, que apelam a nichos mais segmentados do indie.”

___MTV___

http://mtv.uol.com.br/musica/brasileiros-fazem-shows-dancantes-no-novas-frequencias

“Depois de 5 noites e 6 shows, o Festival Novas Frequência mostrou que veio para ficar no calendário carioca. Numa cidade escassa de eventos que buscam propor e trazer novidades, o Novas Frequências foi um sucesso de público, organização e curadoria. Com certeza uma das experiências mais legais de 2011. Agora só nos resta esperar a segunda edição ano que vem.”

___Folha de São Paulo___

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1017223-festival-novas-frequencias-traz-apostas-eletronicas-ao-rio.shtml

“O Rio de Janeiro ganha hoje um novo festival de música. Mas ele não se parece nada com o Rock in Rio, mais famoso evento do gênero da capital carioca. Na verdade, o Novas Frequências vai extamente para o lado oposto. Enquanto seu conterrâneo famoso aposta em nomões do rock, do pop e do axé, o festival que começa hoje e vai até domingo tem um gosto pelo desconhecido.”

___OGLOBO___

http://oglobo.globo.com/cultura/saiba-mais-sobre-os-artistas-que-se-apresentam-no-novas-frequencias-3392621

“De 7 a 11 de dezembro, o Oi Futuro de Ipanema será transformado em um museu de grandes novidades sonoras. Em sua primeira edição, o festival Novas Frequências traz ao Rio nomes como Com Truise (leia a entrevista), Murcof, Sun Araw e Andy Stott para se apresentar ao lado dos brasileiríssimos Pazes e Psilosamples. Ilustres desconhecidos do grande público – e, por que não, até do médio -, mas cheios de coisas para mostrar, os músicos foram reunidos por apontarem para a vanguarda musical, explorando ritmos pouco usuais como dubstep, drone, ambient techno, chillwave e o que mais vier.”

http://www.superclip.com.br/sistema/materia.cfm?cod=320603

“O festival Novas Frequências já acabou e continua ecoando por aqui. Com uma proposta bastante ousada, o evento reuniu alguns dos principais nomes da música experimental em cinco noites: Com Truise, Sun Araw, Murcof, Andy Stott e os brasileiros Pazes e Psilosamples, uma escalação difícil de se ver até em festivais no exterior, como o próprio Com Truise comentou. A entortada nos ouvidos foi tamanha que não tem como não torcer pelo repeteco no ano que vem.”

http://oglobo.globo.com/cultura/com-truise-traz-som-do-futuro-disfarcado-de-pop-dos-anos-1980-3394989

“Pop, só em ilusão. É nos sons alternativos que se baseia no festival Novas Frequências, que vai de hoje a domingo no Oi Futuro Ipanema. Durante cinco dias, passarão por ali artistas emergentes como Sun Araw (Estados Unidos), Com Truise (Estados Unidos), Mark McGuire (sic) (Estados Unidos), Murcof (México) e Andy Stott (Inglaterra), representando gêneros e tendências como o dubstep, o funk oitentista e o minimalismo eletrônico.”

___Veja Rio___

http://www.superclip.com.br/sistema/materia.cfm?cod=318436

“Dominada por Djs de forte apelo comercial, a cena eletrônica também tem seu reduto alternativo. Este evento, com curadoria de Chico Dub, traz atrações pouco convencionais, que tem como característica comum o som, digamos, diferente.”

___Fact Magazine Portugal___

http://www.factmag.com/pt/2011/12/12/festival-novas-frequencias-experiencias-no-rio/

“Já na sua primeira edição, o Festival Novas Frequências revelou vocação para ser um dos eventos mais importantes do calendário cultural carioca. A começar pela relevância da proposta, que circunscreve um raio de interesses musicais muito específico, e que apesar de cultivado por um público cada vez maior, conta com pouca representação na cidade. O festival promoveu uma semana de imersão no universo sonoro das “outras” frequências, diferente daquelas que compõem o repertório habitual das noites cariocas. Como se costuma dizer no mundo do samba, “nem melhor, nem pior, apenas diferente…”

“Pela consistência da curadoria e as belas apresentações dos convidados, o balanço do festival é bastante positivo.”

___Rraurl___

http://rraurl.com/cena/8201/Novas_Frequencias_comeca_amanha_no_Rio_de_Janeiro

“O Festival Novas Frequências vem se unir ao agitado calendário de shows internacionais no sudeste brasileiro. Mas ele tem algumas diferenças cruciais, a começar pela localização (Rio de Janeiro), preço do ingresso (módicos R$15,00), duração (cinco dias a partir de 07/12) e curadoria musical. O cardápio se baseia em artistas que estão ligados de alguma forma ao que acontece de mais arriscado, moderno e ainda assim audível e emocionante.”

http://rraurl.com/resenhas/8206/Com_Truise_em_dose_dupla

“Os shows do festival Novas Frequências já começam com uma dinâmica diferente: todos sentados no pequeno auditório completamente escuro. Isso por si só já torna diferente a forma pela qual percebe-se o show. O clima não é de festa, é de fruição cuidadosa.”

http://rraurl.com/cena/8168/Festival_Novas_Frequencias

“Seja bem-vindo ao calendário de festivais do segundo-semestre, Novas Frequências! Um corajoso evento no Rio de Janeiro em começo de dezembro traz ao país um punhado de nomes desconhecidos do grande público mas com altíssimo apelo para quem se liga em novas tendências musicais.”

“Com apoio do projeto Oi Futuro e curadoria acertada de Chico Dub, o Novas Frequências investe em atrações que justificam o uso do termo “vanguardista”, algumas inclusive em momento de altíssimo interesse criativo como o norte-americano Com Truise.”

___Bate Estaca___

http://oesquema.com.br/bateestaca/2011/12/12/retrospectiva-2011-o-problema-de-imagem-da-musica-eletronica/

“Vamos aos duros fatos. A imagem da música eletrônica no Brasil não anda das melhores. Não é vista como cool, não é considerada inovadora, nem relevante. A imagem que muitos fazem hoje de uma pista eletrônica é uma pista de playboys e piriguetes bombando Swedish House Mafia.

Por um lado, é fruto de desinformação. Porque tem muita música inovadora e relevante.Tem muita festa underground boa. Julgar a música eletrônica pelo filtro David Guetta é como julgar o rock a partir do Coldplay ou o hip hop pelo LMFAO. Essa desinformação resulta muito da falta de circulação de sons eletrônicos alternativos por aqui. Quem vem tocar aqui são, quase sempre, DJs consagrados e que vão bombar a pista. O espaço para o risco diminuiu bastante.

Por isso, temos que incentivar com todas as forças festas como a Tranquera, a VoodooHop, noites do D-Edge como a que trouxe Nicolas Jaar, o Sonar brazuca do ano que vem e o festival carioca Novas Frequências (vai lá no blog do vizinho Bruno Natal pra ver como foram os shows de Andy Stott e Com Truise). Temos que incentivar essas e qualquer outro evento que aposte numa eletrônica mais interessante e aventureira.”

http://oesquema.com.br/bateestaca/2011/11/21/com-truise-no-brasil-e-mais/

“O legal do festival é que ele investe numa eletrônica mais horizontal e experimental, coisa que não se ouve muito por aqui.”

___Party Busters___

http://partybusters.virgula.uol.com.br/2011/festival-novas-frequencias-leva-a-vanguarda-da-musica-ao-oi-futuro/

“Nós adoramos saber do 1º festival Novas Frequências, que rola de quarta-feira (7) até domingo no Oi Futuro Ipanema, cheio de sonoridades que você não escuta no rádio, na TV ou nos grandes eventos de música ao redor do mundo.”

___Burn Mag___

http://burnmag.burn.com.br/magazine/2/741-Resenha-Com-Truise-no-Novas-Frequencias.html

“O espaço, aliás, que poderia caracterizar a grande dificuldade do festival, já que a capacidade é bem pequena e exige que as pessoas fiquem sentadas durante toda a apresentação, foi um grande trunfo no caso de Com Truise. Este formato permitiu que todas as atenções fossem voltadas a cada timbre espacial do live e que, ao fim de cada faixa executada, o público pudesse reconhecer através de aplausos e gritos de “bravo!”, como uma tradicional apresentação.”

“Ainda assim, não faltaram cabeças balançando na plateia. Se a intenção foi justamente uma imersão na música e somente na música, o objetivo foi alcançado com louvor. O minimalismo na interação de Seth Halley com o público contrastava com o clima intimista criado pela proximidade entre público e artista, e fez a clara timidez do músico soar cool e autêntica diante da seleta plateia, cheia de entendidos e caçadores de tendências em terras cariocas.”

___+Soma___

http://soma.am/noticia/festival-traz-mark-mcguire-e-sun-araw-ao-rio-de-janeiro

“O festival Novas Frequências, que acontece entre os dias 7 e 11 de dezembro no Rio de Janeiro, fecha com pompas o ano em que o Brasil esteve na rota da música não-convencional mundial (há outra maneira de classificar um ano que teve shows de Daniel Higgs, Kevin Drumm e Gang Gang Dance?) com uma programação que inclui alguns dos nomes mais importantes do underground sônico internacional.”

“A escalação é ao mesmo tempo eclética e avant-garde. Em outras palavras, imperdível.”

___Time Out Rio de Janeiro___

http://www.timeout.com.br/rio-de-janeiro/musica/events/75/festival-novas-frequencias

“Um festival bem específico, certamente, mas um pacote no mínimo intrigante de músicas diferentes (talvez as mais estranhas que você já ouviu).”

___Floga-se___

http://www.botequimdeideias.com.br/flogase/festival-novas-frequencias/

“Tem vezes que nosso dinheiro, aquele suado dos impostos, serve pra coisas realmente interessantes. Veja o caso do Festival Novas Frequências, com patrocínio da Oi e da Secretaria de Estado de Cultura, através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro.

“O Novas Frequências é um festival moldado de acordo com as características físicas e conceituais do Oi Futuro Ipanema. Em outras palavras, sua curadoria busca diversidade e o uso criativo de ferramentas tecnológicas em meio ao que poderíamos batizar de fine arts da música contemporânea”, avisa o site oficial do projeto.

Deu pra sacar, né? É música nova, diversa, alternativa, experimental, fulgurante. Já merece aplausos só pela iniciativa”

___Entretenedor___

http://entretenedor.tumblr.com/post/13782604713/vai-ser-melhor-que-o-lolapallooza

“Vai ser melhor que o lolapallooza”

___Popload___

http://popload.blogosfera.uol.com.br/2011/12/05/o-tamanho-do-indie-no-brasil-a-breja-do-carl-barat-em-goiania-e-o-com-truise-no-rio/

“(…) Saindo de Goiás e indo para o Rio de Janeiro, onde até havia pouco tempo a palavra “indie” era termo estranho entre parte dos cariocas antes das ações coletivas do Queremos (só restrita à velha-guarda graças às segundas da Matriz, às ações do selo Midsummer Madness ou às páginas do “Rio Fanzine”, de “O Globo”, às sextas), vai rolar o ótimo festival Novas Frequências, entre os dias 7 e 11 de dezembro no Oi Futuro Ipanema (Visconde do Pirajá, 54).”

Festival Novas Frequências – resumo artístico

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_Sun Araw (EUA)

07 de dezembro

Esse artista norte-americano é um dos grandes catalizadores das possibilidades que enriquecem a música atual. Combinando lo-fi com psicodelia, cantos mântricos e ritmos como afrobeat e krautrock, Cameron Stallones proporciona um efeito de imersão, transe, viagem e transcendência.


_Murcof (México)

08 de dezembro

Fernando Corona tem a forte veia da multidisciplinaridade, ditada pelo refinamento da música clássica e seu universo estético. O artista realiza obras para lugares importantes como o Palácio de Versailles, teatros e salas de exposições, utilizando elementos da eletrônica para criar orquestras sinfônicas contemporâneas ou peças audiovisuais de extremo bom gosto .


_Andy Stott (Inglaterra)

09 de dezembro

Uma das evidências de que a música eletrônica pode, sim, ter apelo tanto para a cabeça quanto para os pés. Em uma rara conjunção, esse produtor inglês extrai o que há de mais urgente no dubstep e o combina com as batidas do house sujo das ruas e a sofisticada sonoridade do IDM. O resultado soa como uma trilha dos tempos atuais: sombrio e primal.

North To South
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Retail Juke
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_Com Truise (EUA)

10 de dezembro

Com Truise se apropria de várias referências da década de 80, como synth-pop, electro e neo-romantismo mas consegue fazê-las andar no seu ritmo: batidas atuais com uma dose de lo-fi, que criam uma atmosfera estranhamente mágica e contemporânea para as músicas.

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_Pazes (Brasil)

11 de dezembro

De Brasília, surge uma interessante promessa para a produção eletrônica brasileira: vidrado no “pós hip hop” de nomes como Flying Lotus e os demais artistas do selo Brainfeeder, Lucas Febraro deu origem ao projeto Pazes. Com batidas contemporâneas e etéras, ele cria faixas extremamente agradáveis de se escutar, como na releitura de “Sétimo Andar” do Los Hermanos.

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_Psilosamples (Brasil)

11 de dezembro

Este projeto de Minas Gerais desconstrói elementos da cultura popular e folclórica brasileira para reutilizá-los com frenéticas batidas eletrônicas, sintetizadores e diversos efeitos sonoros. Assim, Zé Rolê cria improváveis paisagens “neo-regionais” que são ao mesmo tempo incrivelmente atuais e delirantes.

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Comunicado da Produção do Novas Frequências

O artista norte-americano Mark McGuire infelizmente não poderá tocar no Festival Novas Frequências por questões que envolvem a retirada do seu visto de trabalho.

Estamos alterando o McGuire por dois outros artistas, ambos brasileiros. No mesmo dia 11 de dezembro, no mesmo Oi Futuro Ipanema, o Novas Frequências orgulhosamente apresenta Pazes (de Brasília) e Psilosamples (de Minas Gerais).

O conceito do festival permanece inalterado. Continuamos sendo um festival internacional que aposta na vanguarda e nas últimas tendências da música. A qualidade do line-up, mesmo com a saída de McGuire, se mantém no mesmo nível.

Pazes e Psilosamples são promissores artistas nacionais com carreiras despontando tanto aqui no Brasil quanto lá fora. Pazes, único brasileiro selecionado para a Red Bull Music Academy deste ano, é um adepto da beat scene de Los Angeles. Já Psilosamples, faz uma espécie de IDM ruralista – música eletrônica misturada com cantigas e o folklore tradicional do interior do país.

Acompanhem o nosso site e nossos canais nas redes sociais para ficar por dentro destes dois excelentes artistas.

O início da venda dos ingressos do Novas Frequências permanece marcado para o dia 29 de novembro, terça-feira, na (somente) bilheteria do Oi Futuro Ipanema.

Festival Novas Frequências

Novas Frequências #1

Por Chico Dub

“I just want to hear something I haven’t heard before”
― John Peel

O nome do festival é Novas Frequências. Mas bem que poderia se chamar: “Eu só quero ouvir algo que eu nunca tenha ouvido antes.” Ok, a frase é longa. E também não soa bem. Mesmo assim, há algo nessa frase cunhada pelo mestre dos mestres John Peel deveras embutida no conceito do Festival. De 1967 a 2004, esse radialista, DJ e jornalista inglês dedicou sua carreira à pesquisa e a divulgação dos novos sons. Seu lendário programa na Radio 1 da BBC alimentou por 37 anos milhares e millhares de almas, como a minha, sedentas e famintas por uma dieta musical fora dos padrões e esquemas convencionais.

Com a Internet e as tecnologias da informação ao nosso dispor, é perfeitamente possível ouvir música nova, todo santo dia. E sem pagar um tostão por isso! Porém, a grande dificuldade deste mundo pós-tudo é separar o joio do trigo: se por um lado, é mais fácil gravar, produzir, lançar e divulgar qualquer trabalho musical, por outro, é tanta coisa disponível que se perder é o caminho mais comum.

O Festival Novas Frequências foi concebido como um filtro em meio a tanta informação. Mas ele não é um filtro qualquer. De forma alguma. O Novas Frequências é um filtro especial dotado de radares espalhados pelo mundo sondando as novas tendências da vanguarda contemporânea. Se você pensa, age, cria, vive e respira fora do quadrado, o Novas Frequências foi feito para você. Sun Araw, Murcof, Andy Stott, Com Truise e Mark McGuire, os primeiros de muitos artistas que serão escalados para as próximas edições do festival, são verdadeiros achados que queremos compartilhar. Espero que curtam.

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Chico Dub é idealizador e curador do Festival Novas Frequências

Moinhos de som

Por Ohne Titel

Longe de se afirmar que há uma crise, o que pode ser dito é que a cultura se espalha de forma cada vez mais gasosa. Rarefeita seria perigoso arriscar, mas é indiscutível que esse estado preencha todo espaço que se pode ocupar, como as aulas de física já demonstraram em uma adolescência cada vez mais remota. Adolescência essa que aproveitou-se de toda a brecha necessária para adquirir informações musicais diversas, sempre muito restritas, vindas de revistas ou folhetins estrangeiros, que eram vendidos com dias, e às vezes meses de atraso, a preços pouco acessíveis também.

As famosas “cenas” de outrora hoje inexistem e paradoxalmente (ou seria complementarmente?) preenchem o todo graças a Internet, uma definitiva ferramenta de revolução comportamental, talvez a mais voraz e radical da história da civilização. E enquanto se falar de revolução, e de rupturas, pode se afirmar que há muitas perdas, mas também muitos ganhos. A exemplificar: as possibilidades de absorção são exponencialmente maiores mas a velocidade de esquecimento também. Patti Smith e Robert Mapplethorpe ficaram meses em casa escutando os mesmos poucos discos na vitrola de seus apartamentos e os fizeram clássicos, os que hoje em dia são clássicos, como “A Love Supreme”, de Coltrane ou “Beggar’s Banquet”, dos Stones. Mas são clássicos por conta de uma suposta aura artística superior? Talvez, mas não só. São clássicos porque foram absorvidos, fagocitados, regurgitados, vomitados, reaprendidos, engolidos novamente e assim por diante. São clássicos porque lidaram com o tempo mesmo quando não eram clássicos. Hoje em dia é difícil chamar algo de clássico. Quer dizer, hoje é muito fácil chamar algo de clássico porque são muitos clássicos mas também são muitos clássicos que deixam de ser clássicos assim, com um estalar do clique de um mouse.

Há de se fugir da armadilha purista que cisma em pairar sobre essas teclas. É difícil porque quem escreve é um filho da ruptura e ao mesmo tempo um arauto da revolução. Grande parte do aprendizado musical adquirido por esse aprendiz veio “a moda antiga” e uma outra parte – a que digita em um novíssimo tablet – adquire conteúdo seguindo essa tsunami virtual. Há, de fato, uma dualidade dolorosa que talvez nunca será cessada. Mas o que pode se afirmar é que toda essa virtualidade necessita inevitavelmente de um núcleo físico, palpável, presente, para se perdurar. Esse núcleo não encontra-se em vossos iPods renovados bissextos. Se encontra nas experiências humanas, auditivas, visuais e sensoriais, na troca, no mergulho, na viagem real do momento a ser eternizado. Shows e apresentações ainda são o resquício dessa “fisicalidade”.

O leitor desse texto deve estar se perguntando: “shows são shows, já vi vários e qual seria a razão de estar se pontuando isso?” Sim, o leitor tem certa razão, mas pode ser que não tenha percebido que há um bom tempo a ideia de música e entretenimento é massacrada como uma regra estética, onde talvez a música seja vista como um elemento a mais em uma experiência lúdica, beirando o infantil.

E é esse o ponto da questão. O que se está alertando não é para o conhecimento adquirido, da vivência no eterno replay, mas desse contato com algo que não te chama para ser cliente, mas deixa a porta semi-aberta para você entrar e explorar. Pode ser um território escuro, mas também aconchegante, que clama por intimidade, como algo que precisa de você, mas que vive tranqüilamente SEM você e sua aprovação e mesmo assim, sem estender as mãos, sem chamar para ser seu amigo e pular corda ou descer uma tirolesa entre palcos lotados, sorri e demonstra cumplicidade com a sua experiência, que não passa a ser apenas sua, mas também desse que te convidou. É nesse encontro misterioso e excitante que você percebe que há shows e há shows. E são esses encontros inéditos, íntimos, que a figura incansável e inqueta chamada Chico Dub está interessada em te convidar, porque quer transmitir que o nível de percepção não deve ser massificado como um paralelepípedo de uma estrada centenária, mas sim entendido como um conjunto de tecidos macios, sobrepostos em camadas, que formam um cobertor poroso, tátil, que eletrifica sua derme de forma a convidar ao sonho.

Chico Dub sabe da importância de trazer algo que não seja diferente apenas no formato (pequeno, simples, sem firulas), mas também em seu conteúdo porque entende que a cultura de diferentes países, agora aproximada pela bendita Internet, precisa de um altar físico para se demonstrar e efetuar suas trocas com essa que está aqui nos trópicos. E é a alquimia química da troca de temperaturas, gases, cheiros, sons e batidas que esse caixeiro viajante musical tem a oferecer. A princípio, parece ser algo quixotesco, porque há uma espécie de desconfiança inicial de quem vê essa batalha solitária para trazer o que há de mais desconhecido, criativo, “esquisito”, inaudível e curioso no mundo hoje para a cidade do riso fácil e do tapinha nas costas, a dois quarteirões do ópio ululante das areias de Ipanema (para que sair da praia se está tão bom?). Mas essa desconfiança inicial passa longe do delírio, porque há sim um público sedento que absorveu com intensa velocidade de dobra esse conteúdo primoroso e está disposto a pegar um desvio da areia escaldante para uma experiência inédita no bem ajustado palco do Oi Futuro Ipanema.

É possível que o Festival Novas Freqüências estimule diretamente a lembrança de que há não muito tempo atrás, ou melhor, antes das revoluções virtuais, os núcleos de trocas musicais mais estimulantes fossem as pequenas lojas de disco, não só porque tinham discos (e não haviam quase shows por essas bandas) mas porque seus diminutos espaços acabavam por criar encadeamentos moleculares sólidos e únicos o que antes eram dispersos e gasosos; e que simbolizaram, acima de tudo, a construção nas pessoas que as freqüentavam de algo sempre raro: a individualidade em função da curiosidade.

O festival, como demonstra em seu belo logotipo, parece criar esse link, ainda bem que ziguezagueando, entre aquilo que poderia ir e o que deve permanecer… dentro de você no tempo que for necessário.

Ohne Titel

Mais sobre Murcof

Além de ser extremamente prolífico em sua carreira solo, Fernando Corona, verdadeiro nome de Murcof, já passou também pelo Nortec Collective, grupo mexicano de grande importância no final da década de 90, começo dos anos 2000, pela persistência na mistura do eletrônico ao regional. Como Murcof, o artista segue fazendo trabalhos para as mais variadas mídias e ambientes imagináveis, com uma sutileza na mistura de música clássica com eletrônica que raramente permite que a fusão seja tão bem sucedida como em suas composições.

Em 2008, Fernando chamou a atenção com o álbum Versailles Sessions, um disco derivado da apresentação que fez para o Les Grandes Eaux Nocturnes, festival anual do palácio de Versailles, em Paris.

Sample do Trabalho:

O trabalho fundiu instrumentos barrocos com eletrônicos de forma ousada e equilibrada, ganhando amplo reconhecimento da crítica, de veículos até como a BBC. Dá para sacar algumas faixas no site da sempre atenta loja Boomkat, uma pólo de referência para pesquisar artistas interessantes.

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Postado por Gustavo mm

Música de todos os tempos

por Fred Coelho

Antes de tudo, pense que vivemos apenas o presente. Tanto o futuro quanto o passado são meras consequências de nossas possibilidades e limites dos tempos de hoje. O NOVO deve ser entendido como a garantia de um presente em permanente movimento, articulando seus legados e suas posteridades. Novas possibilidades de rever o que foi feito alimentam novas possibilidades do que virá.

A música feita no século XXI não escapa desse dilema. Quando pensamos em NOVAS TENDÊNCIAS da música contemporânea, encontramos artistas que investem exatamente na encruzilhada histórica da música ocidental. Barreiras estéticas do século XX são abolidas no encontro criativo entre gêneros da cultura pop, tecnologias de gravação e experimentações eruditas. Instrumentos e telas tornam-se extensões de um mesmo delírio sonoro através do mundo. Linguagens da música eletrônica dos últimos cinquenta anos são sobrepostas em camadas de recursos técnicos e softwares de última geração. Na música contemporânea, e em todo o mundo, vivemos o NOVO como invenção permanente de todos os tempos. O novo que alimenta as invenções livres, mergulhando artistas em transes místicos-sintéticos de sons atonais e na insanidade do excesso de distorções.

Os desertos musicais hipnóticos de Sun Araw, as camadas e costuras complexas de referências synth pop de Com Truise, o minimalismo clássico e as texturas trágico-sagradas de Murcof, a convivência tensa entre o ruído e a beleza sonora nos transes de Mark McGuire, ou a quase alegria cinza e sombria das batidas de Andy Stott, todos esses sons obscuros e, ao mesmo tempo, iluminadores máximos do que temos pela frente, confirmam que os atuais tempos na música experimental nos transformam em ouvintes privilegiados frente a novas possibilidades digitais. A estrada do futuro não termina, a fonte do passado nunca seca.

Há pelas ruas, cada vez mais, toda uma geração ligada à sonoridades fora das convenções auditivas, sensitivas, tonais ou melódicas de outrora. Um admirável mundo novo musical em uma era de vocabulários robóticos e grooves cerebrais, compostos através das mesas de som analógicas ou virtuais, com seus tantos e vastos canais, filtros e softwares. Música que articula contemplação e beleza – ainda que digital – em alta voltagem.

Se os ouvintes desta nova safra de música eletrônica experimental olharem em volta e não encontrarem eco aos graves que emanam de seus fones e mentes, não se preocupem. Habitar paraísos sonoros artificiais, viver entretido com outras dimensões de tempo e espaço musicais, é um privilégio – ou uma possibilidade – cada vez maior no senso comum da mídia e do público em geral. Neste festival, os pequenos espaços físicos da cidade dedicados ao gênero se expandem velozes nas redes e hubs da terra e das redes sociais. NOVAS FREQUÊNCIAS não é apenas um evento sobre música. É também um evento sobre outro tempo e espaço no Rio de Janeiro do século XXI. Passado, presente e futuro.

Fred Coelho é pesquisador, ensaista e professor de literatura da PUC-RIO.

Equalizando Novas Frequências

por Lucas Santtana

Uma moça de quem gosto muito sempre utiliza a palavra “equalizar” ao descrever a maneira como lidamos com sentimentos, emoções e situações pessoais.

No universo musical, equalizar não está distante disso. Significa atenuar a distorção de um sinal por meio de circuitos compensadores capazes de reforçar a intensidade de algumas frequências e/ ou diminuir outras. É como arrumar as frequências de uma música numa mixagem ou descobrir o lugar de cada instrumento no P.A de um show ao vivo. Simplificando no jargão popular, significa “colocar os pingos nos is”.

E isso pode soar, já que estamos falando de música, como algo distante do nosso dia a dia. Ledo engano.

Quando saimos do cinema e comentamos que Contágio (o novo filme do Soderbergh) tem uma fotografia azulada, estamos, mesmo que inconscientemente, percebendo de que maneira o diretor equalizou as frequências de cor e luz para chegar a um resultado estético, que no caso desse filme em particular, nos traz a sensação de frieza de um eterno hall hospitalar.

O Festival Novas Frequências vem justamente com o intuito de re-equalizar nossos viciados e acomodados ouvidos.

Não se trata de um festival de world music como o Perc Pan. Nem tão pouco de um festival de derivados da música negra como o Back to Black. Muito menos como o Planeta Terra, voltado basicamente para a música pop anglo-norte-americana (outros países pintam às vezes também).

O festival vem ocupar um espaço ainda virgem no Brasil, o de trazer bandas e artistas que trasitam por frequências híbridas, não sendo possível catalogá-los em estilos ou compartimentos isolados. São músicos que assim como Cabral e Armstrong se lançam em naus sem saber com exatidão onde aquilo vai dar.

São seres que habitam o mundo entre uma coisa e outra, a realidade do lá e cá, como o de Laura, personagem de Clarice Lispector no conto “A imitação da Rosa”. O público que for ao Novas Frequências tem que ir com o coração e os ouvidos abertos. Tem que se permitir ouvir o que ainda não viveu. Pois os pingos não estarão no is, mas espalhados por outras letras.

Godard disse que um filme precisa ter começo, meio e fim, mas não necessariamente nessa ordem. Já que estamos no Rio de Janeiro, porque não citar também o nosso síndico Tim Maia, que dizia: “Eu quero graves, médios e agudos!”

Lucas Santtana é músico, cantor e compositor.

Frequências renovadas

por Bernardo Oliveira

“Acredito que o uso dos ruídos (noise) para fazer música continuará e aumentará até alcançarmos uma música produzida com a ajuda de instrumentos elétricos, que disponibilizará para fins musicais quaisquer sons que podem ser ouvidos.”
(John Cage, “The Future of Music: Credo”, in Silence).

O conteúdo premonitório desta frase resume o credo de artistas que, durante o século XX, expandiram a paleta do discurso musical. As experiências de Russolo, Stockhausen, Xenakis, Schaeffer, e do próprio Cage, incorporaram ruídos, sons de máquina, ambiências urbanas, sons inauditos (produzidos por sintetizadores), e até mesmo o silêncio às composições. Extrapolando o sustentáculo da música ocidental – a tríade harmonia-ritmo-melodia –, estes artistas tiveram influencia decisiva sobre a acidentada geografia sonora do século XXI.

Cabe a cada um perguntar a si mesmo: quem se admira hoje com som da guitarra distorcida, outrora vista como uma ressonância alienígena da dominação cultural norte-americana? Quando tomei conhecimento da música eletroacústica e, mais tarde, do noise, fiquei indignado, pois permanecia resguardado na perspectiva confortável da música que me soava familiar. Por que haveria de explorar “a borda”, os limites não só da música, mas do próprio som? Duro aprendizado, o de aprender a receber, interpretar, e até mesmo ter prazer com “quaisquer sons que podem ser ouvidos”…

A relevância do Festival Novas Frequências não é propriamente a de uma amostragem pedagógica, mas, sobretudo, da consolidação de um interesse. Hoje, um número relevante de pessoas sabe que a música não se restringe ao poder inebriante da canção, mas que pode ser elaborada a partir de muitas técnicas, gêneros e procedimentos, soando de muitas maneiras, a partir de interferências diretas na forma como é gravada, executada e reproduzida. Que a música, enfim, explora a materialidade do som, ainda que eventualmente incorporada a gêneros reconhecidos, como o synthpop e o rock psicodélico.

Para conferir uma parcela destes esforços, basta dar ouvidos à produção multifacetada de Cameron Stallones, mais conhecido como Sun Araw; ao dubtechno esfumaçado de Andy Stott; à frieza do balanço sci-fi de Com Truise; às intrincadas texturas eletrônicas criadas pelo mexicano Fernando Corona, que assina como Murcof; e ao ambient/drone turbinado de Mark McGuire, prolífico guitarrista americano, apaixonado pelos sintetizadores alemães dos anos 70. Artistas que dialogam abertamente com o passado, para os quais, porém, o passado não se afigura como um grilhão, mas como lenha para queimar, transfigurar e levar a música adiante…

Bernardo Oliveira é professor de filosofia e crítico de música