De uma certa forma, o Counterflows acabou de começar. Demora pelo menos cinco anos para que algo como o Counterflows se estabeleça e para que um festival comece a ter uma identidade que ressoe pelo cenário cultural de forma significativa. A questão é, se o Counterflows acabasse amanhã, haveria música? Claro que sim, mas eu acredito que o Counterflows, durante os últimos cinco anos, consguiu reacender o espirito e a atitude que estavam começando a murchar na cena do Reino Unido. O Counterflows, naturalmente, não existe em um vácuo, graças a Deus. Ele tem a sua raiz no que vem acontecendo na Escócia nos últimos vinte anos. Para “recapitular”, como sugere o tema do Novas Frequências desse ano, o Counterflows continuou o legado do Le Weekend Festival que começou em 1998 por Jackie Shearer e Ed Baxter, esse último da Resonance FM, em Londres, alguém que ainda defende os excluídos na cultura. Le Weekend poderia discutivelmente ser considerado como o primeiro festival de musica experimental no Reino Unido. Foi onde o David Keenan da The Wire defendeu e, com a ajuda de Jackie e, mais tarde, de mim, introduziu ao Reino Unido um leque inteiro de artistas maravilhosos como Keiji Haino, Borbetomagus, Otomo Yoshihide, Hamid Drake, David S Ware, Dread Foole, The Dead C, … a lista é extensa. Por uns bons 10 anos, a Escócia viu o florescimento de festivais visando novas possibilidades em música e arte – Instal, Kill Your Timid Notions, Subcurrents, Triptych. Todos esses festivais compartilhavam um sentimento de aventura. Counterflows começou através de uma conversa entre eu e o Hamish Dunbar do Café Oto em Londres, a idéia era que nós achávamos que o momento era aquele para criar algo que poderia estender o legado desses festivais e gerar a ambição de criar novas experiências para um publico que anseia por elas e está aberto para o desafio do novo.
Desde o começo, o Counterflows teve um alcance internacional, e, de fato, no nosso primeiro ano, o festival foi realizado em Berlim, Londres e Glasgow. Mas a sua perspectiva foi sempre de equilibrar o internacional com a base, a base onde coisas excitantes acontecem. Counterflows sempre será sobre apoiar artistas emergentes, mas também que esse apoio os inspire a explorar a música ainda mais e, bravamente, correr riscos. Counter-flow (contra-fluxo), na verdade, significa um movimento de cultura para o bem ou para o mal. Counterflows, através da musica e da arte, está interessada na ideia de movimento de cultura e o que isso significa para as nossas comunidades ao abraçarmos ou rejeitarmos outras culturas.
Então cinco anos se passaram, cinco anos se empenhando – é esse um momento significante? Para mim, há a satisfação de que o apoio pelo que estamos fazendo está crescendo e o público entende isso. Nós conseguimos muito nesse curto período de tempo. Counterflows comissionou oito novos trabalho em suas últimas quatro viagens, incluindo o Candy Shop da Lina Lapelyte saindo para se apresentar em várias versões por toda a Europa. A nossa série de artistas convidados têm capturado a imaginação, destacando o trabalho de, não tanto artistas negligenciados, mas artistas que se encaixam no ethos do Conterflows e merecem atenção. Joe McPhee e Richard Youngs preencheram esse papel brilhantemente nos últimos dois anos, e com Zeena Parkins posicionada para 2016, nós aguardamos ansiosamente, com antecipação, o que vai acontecer. A série de residências do Counterflows montada com o Instituto Goethe tem sido satisfatória de se ver desenvolver, oferecendo a artistas da Alemanha e da Escócia o espaço e apoio para ver a prática deles em um contexto de colaboração. Um aspecto do Counterflows, pelo qual, nós somos particularmente inspirados, é que o que fazemos tem um aspecto social muito grande. Parece ser um requerimento básico para um festival, mas, de alguma forma, muita vezes se perde em uma espécie de auto-importância. O Conterflows, depois de cinco anos, provavelmente funciona, porque o público, artistas, voluntários, equipe, casas de shows, estão todos envolvidos no desenvolvimento dele, que é primordialmente sobre todo mundo. Mas há muito a ser feito. Uma das nossas ambições para os próximos cinco anos é trabalhar com mais pessoas do mundo inteiro. Encontrar e compartilhar ideias e similaridades em ambições com o Novas Frequências é um passo na direção certa. Sempre foi uma surpresa para mim quando converso com pessoas de diferentes países sobre musica, o quão similar são as nossas ideias. Essa é uma grande força a ser tirada. Bombardeados constantemente, nas nossas rotinas diárias, pelo o que o Martin Amis uma vez cunhou como Moronic Inferno, é sempre uma fonte de otimismo saber que há pessoas em todo o nosso pequeno planeta determinadas a lutar contra a maré da mediocridade.
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In some respects Counterflows has just got started. It takes at least five years to get something like Counterflows established and for the festival to begin to have an identity that resonates across the cultural landscape in any sort of meaningful way. The thing is, if Counterflows was to cease tomorrow, would there be music? Of course there would, but I believe that Counterflows has in the course of the last five years managed to rekindle a spirit and attitude that was beginning to wane across the UK scene. Counterflows, naturally, does not exist in a vacuum and thank goodness for that. It has its roots in what has been happening in Scotland over the last twenty years or so. To take Novas Frequencias theme of Recap, Counterflows continues the legacy of the Le Weekend festival in Stirling that was started in 1998 by Jackie Shearer and Ed Baxter, Ed Baxter of Resonance FM in London, someone who still champions the Leftfield in culture. Le Weekend could arguably be thought of as the first experimental music festival in the UK. It is where the Wire’s David Keenan championed and with the help of Jackie and latterly myself introduced to the UK a whole host of amazing artists such as Keiji Haino, Borbetomagus, Otomo Yoshihide, Hamid Drake, David S Ware, Dread Foole, The Dead C, … the list is extensive. For a good ten years Scotland saw the flourishing of festivals looking at new possibilities in music and art – Instal, Kill Your Timid Notions, Subcurrents, Triptych. All these festivals shared a sense of adventure. Counterflows was started through a conversation between myself and Hamish Dunbar at Café Oto in London, the idea being that we thought the time was right to create something that could extend the legacy of these festivals and inspire the ambition to create new experiences for an audience that is hungry for and open to the challenge of the new.
From the out-set Counterflows had an international scope and in fact in our first year the festival took place in Berlin, London and Glasgow. But its outlook was always to balance the international with the grassroots, the grassroots where exciting things begin. Counterflows is always going to be about supporting emerging artists but also with this support to inspire them to stretch the music further and bravely to take risks. Counter-flow actually means the movement of culture for good or bad. Counterflows, through music and art, is interested in this idea of the movement of culture and what it means to our communities as we embrace or reject other cultures.
So five years down the line and five years in to this endeavour – is this a significant moment? For me there is satisfaction, in that, support for what we are doing is growing and the audiences get it. We have achieved quite a lot in this short time. Counterflows has commissioned eight new works in its last four outings with Lina Lapelyte’s Candy Shop going on to perform in various versions all over Europe. Our featured artist series has captured the imagination, highlighting the work of, not so much neglected artists, but artists that fit the Counterflows’ ethos and deserve some attention. Joe McPhee and Richard Youngs have filled this role amazingly in the past two years and with Zeena Parkins in place for 2016 we await eagerly with anticipation what will happen. Counterflows residency series set up with the Goethe Institute has been pleasing to watch develop offering artists from Germany and Scotland the space and support to look at their practice in the context of collaboration. One aspect of Counterflows that we are particularly driven by is that what we do has a hugely social aspect to it. It seems a basic requirement for a festival but somehow it often gets lost in a sort of self-importance. Counterflows, after five years, possibly works, because, audience, artists, volunteers, staff, venues, are all involved in its development and it is ultimately about everyone. But there is a lot more to do. One of our ambitions for the next five years is to work with more people across the globe. Finding and sharing ideas and the similarities of ambitions with Novas Frequencias is a step in the right direction. It always comes as a surprise to me when I talk with people in different countries about music how similar our ideas are. This is a great strength to be pulled upon. Bombarded constantly in our daily grind by what Martin Amis once coined as the Moronic Inferno it is always a source of optimism to find that there are people all over our small planet determined to fight against the tide of mediocrity.