por Lucas Santtana
Uma moça de quem gosto muito sempre utiliza a palavra “equalizar” ao descrever a maneira como lidamos com sentimentos, emoções e situações pessoais.
No universo musical, equalizar não está distante disso. Significa atenuar a distorção de um sinal por meio de circuitos compensadores capazes de reforçar a intensidade de algumas frequências e/ ou diminuir outras. É como arrumar as frequências de uma música numa mixagem ou descobrir o lugar de cada instrumento no P.A de um show ao vivo. Simplificando no jargão popular, significa “colocar os pingos nos is”.
E isso pode soar, já que estamos falando de música, como algo distante do nosso dia a dia. Ledo engano.
Quando saimos do cinema e comentamos que Contágio (o novo filme do Soderbergh) tem uma fotografia azulada, estamos, mesmo que inconscientemente, percebendo de que maneira o diretor equalizou as frequências de cor e luz para chegar a um resultado estético, que no caso desse filme em particular, nos traz a sensação de frieza de um eterno hall hospitalar.
O Festival Novas Frequências vem justamente com o intuito de re-equalizar nossos viciados e acomodados ouvidos.
Não se trata de um festival de world music como o Perc Pan. Nem tão pouco de um festival de derivados da música negra como o Back to Black. Muito menos como o Planeta Terra, voltado basicamente para a música pop anglo-norte-americana (outros países pintam às vezes também).
O festival vem ocupar um espaço ainda virgem no Brasil, o de trazer bandas e artistas que trasitam por frequências híbridas, não sendo possível catalogá-los em estilos ou compartimentos isolados. São músicos que assim como Cabral e Armstrong se lançam em naus sem saber com exatidão onde aquilo vai dar.
São seres que habitam o mundo entre uma coisa e outra, a realidade do lá e cá, como o de Laura, personagem de Clarice Lispector no conto “A imitação da Rosa”. O público que for ao Novas Frequências tem que ir com o coração e os ouvidos abertos. Tem que se permitir ouvir o que ainda não viveu. Pois os pingos não estarão no is, mas espalhados por outras letras.
Godard disse que um filme precisa ter começo, meio e fim, mas não necessariamente nessa ordem. Já que estamos no Rio de Janeiro, porque não citar também o nosso síndico Tim Maia, que dizia: “Eu quero graves, médios e agudos!”
Lucas Santtana é músico, cantor e compositor.
Boa tarde,
Gostaria de tocar no festival.
Segue um link com meu som
http://www.youtube.com/user/luizinhosalles1
abs
Luizinho Salles