Quem tá junto
Direção Geral e Curadoria
Chico Dub
Gestão de Projeto / Direção de Produção
Natália Lebeis
Produção Executiva
Ray Farias
Produção
Nuala Brandão
Programação Visual
Lucas D’Ascenção e Leandro Assis
Assessoria de Imprensa e Comunicação
Somar Comunicação Integrada (Miriam Roia e Vivi Drummond)
Som
Dani Pastore, Pedro Azevedo
Iluminação
Lina Kaplan
Fotografia
Ivi Maiga Bugrimenko
Montagem Instalação
Alex Augusto
Idealização
Chico Dub e Tathiana Lopes
Patrocínio
Projeto contemplado pelo edital Pró-Carioca, programa de fomento à cultura carioca, da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, através da Secretaria Municipal de Cultura.
Apoio Institucional
Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Casa França-Brasil, Institut Français Paris, Embaixada da França no Brasil
Apoio
Solar dos Abacaxis, Musimutra, Selo Igual/WME, Ciclo3
Realização
Outra Música
Novas Frequências é um festival internacional criado em 2011 que promove a música experimental, a música de vanguarda e a arte sonora, buscando ressignificar a relação da arte com a cidade do Rio de Janeiro e o ecossistema cultural local. Ao longo dos anos, o festival tem ocupado casas de show de diversos tamanhos e propostas, salas de concerto, instituições de arte, espaços públicos e lugares inusitados — como igrejas, galpões, escolas, praias e cachoeiras. O Novas Frequências propõe então uma relação 360º com a música, desenvolvendo experiências distintas daquilo que se imagina em um festival tradicional em torno de performances, instalações, festas, projetos comissionados, site specifics, palestras, oficinas, cursos, residências artísticas e caminhadas sonoras.
Em sua 14ª edição consecutiva, o "NF" ocupa, de 7 a 15 de dezembro, a Casa França-Brasil, o Centro de Referência da Música Carioca Artur da Távola, o Solar dos Abacaxis, a Quadra do Fala Meu Louro, o Leão Etíope do Méier (Praça Agripino Grieco), a Galeria Refresco e o Galpão Dama. São 24 atrações de estilos sonoros e trajetórias variadas, reunindo, dentre outros, música improvisada, poesia falada, noise, funk carioca, arte sonora, electro-punk, techno, música contemporânea, ambient e samba experimental.
Ao contrário de edições anteriores, a programação de 2024 não segue um tema conceitual específico. No entanto, um elemento comum parece unir grande parte do line-up: o próprio Rio de Janeiro. Com metade das atrações vindas da cidade e de sua região metropolitana, os artistas exploram como cada um encarna ou reinterpreta a paisagem cultural local, mesclando contradições, glamour e crueza. Sobre esta questão, o diretor e curador do Novas Frequências, Chico Dub, reflete:
"Penso muito na música 'Eu sou o Rio', da mítica banda Black Future, quando escuto boa parte dos artistas da programação. É um Rio bem mais underground, à margem dos clichês; mais político, visceral, desigual e verdadeiro. Cheio de narrativas cyberpunk e suburbanas, hedonismo debochado, funkeiro, tecnológico, desolado, distópico e futurista."
Line-up em ordem alfabética:
Agazero
Ajítẹnà Marco Scarassatti, Maya Quilolo & Ibã Huni Kuin
Ale Hop (PE/DE)
Carmen Jaci (BR,FR,CA/NL)
Caxtrinho
CIANA
EQUIPE 7RIO + PREMOLAR
Félix Blume (FR)
IPSNIC (BR/DE)
Lara Alarcón (AR/DE)
Luca D'Alessandro
LYZZA (BR/NL)
M. Takara & Carla Boregas (BR/DE)
Meta Golova
Nãovenhasemrosto
O Estranho Iluminado & Fausto Fawcett (tocam Chelpa Ferro & Fausto Fawcett)
Podeserdesligado
Prefeitura do Rio
Rafaele Andrade (BR/NL)
Salisme
Teto Preto
Valesuchi (CL/BR)
Vasconcelos Sentimento
Vera Fischer Era Clubber
Sobre a programação
A programação da 14ª edição do Novas Frequências parece orbitar o Rio de Janeiro como tema, seja de forma mais direta, latente ou subjetiva. Fausto Fawcett, cronista máximo do submundo e do caos, se junta à ruidagem do Chelpa Ferro na peça Pesadelo Ambicioso, um drama lírico, épico e cômico que será tocado ao vivo pelo trio O Estranho Iluminado em parceria com Fausto. Formado por membros do trio Crizin da Z.O., os projetos EQUIPE 7RIO + PREMOLAR "amaldiçoam a cidade do Rio" e colocam os bailes de corredor do subúrbio em contato com as distorções mais graves da eletrônica contemporânea. Outro interessado nos bailes é o duo Prefeitura do Rio, que, ao misturar hardcore digital e miami bass, transforma os bailes de corredor em rodas punk e vice-versa. Punk rock (ou melhor, pós-punk) também se faz presente no baixo da Vera Fischer Era Clubber, banda de synth-pop-disco-trash que canta de jeitinho bem carioca sobre o mundo noturno de fervo, flerte e busca por satisfação. Sucesso de crítica, o cantor, compositor e violonista Caxtrinho experimenta e entorta o samba em lírica que relata o dia-a-dia de quem normalmente é invisibilizado.
O festival revela seu lado mais performático com a apresentação de duas estreias. Tudo pra mim é viagem de volta, da artista Podeserdesligado, é uma construção de um continente sonoro a partir da sua experiência pessoal com a transição de gênero e com os seus desejos e necessidades de inventar um corpo capaz de abarcar sua própria vivência. Através de cantos e ícaros, dança e instrumentos percussivos, Ajítẹnà Marco Scarassatti, Maya Quilolo e Ibã Huni Kuin aproximam cosmologias negras e indígenas.
Mantendo a aproximação com a arte sonora, o "NF" exibe na Casa França-Brasil a instalação sonora Enxame. Criada pelo francês Félix Blume, o trabalho reproduz o som de 250 abelhas de uma colméia através de 250 alto-falantes. A posição privilegiada, imersiva até, visa tornar audíveis as muitas histórias sonoras desses pequenos seres sobre sua vida cotidiana, trabalho e importância na preservação da biodiversidade.
Ale Hop, Luca D'Alessandro e Salisme se apresentam no Centro de Referência da Música Carioca Artur da Távola, unidos não tanto pela proximidade sonora, mas pelo compromisso com pesquisas que compartilham um objetivo comum: criar um canal de visibilidade e escuta para artistas cujas produções ainda permanecem invisibilizadas e silenciadas. Ale Hop é uma musicista peruana radicada em Berlim que constrói camadas, texturas e ruídos com guitarra expandida. Ela é co-autora de Switched On – The Dawn Of Electronic Sound By Latin American Women, o primeiro livro dedicado exclusivamente às protagonistas femininas da música eletrônica latino-americana. Através de uma parceria com o Musimutra, um canal de mapeamento da música de invenção produzida por mulheres, não bináries e pessoas trans no Brasil, foram selecionadas para o festival Luca D'Alessandro e Salisme. Luca D'Alessandro é uma violoncelista que desenvolve um emaranhado de sons através de improvisação, ruídos e referências cancionais. Salisme combina texturas digitais e orgânicas flertando com o industrial e o eletrônico-experimental.
Nas últimas décadas, Berlim se consolidou como uma verdadeira meca global para artistas da cena de música de invenção, sendo a cidade que mais atrai esses talentos em todo o mundo. Nesta 14ª edição, além de Ale Hop, constam no line-up outras três atrações que escolheram a capital da Alemanha como lar. ICNISP é um duo formado por Marina Cyrino (flauta) e Matthias Koole (guitarra) que aplica técnicas e procedimentos aos seus instrumentos com fins de criar uma linguagem idiossincrática em mutações caóticas exorbitantes. Via bateria e sintetizadores, M. Takara & Carla Boregas combinam percussão improvisada e jazzística com eletrônica etérea e calorosa. Da Argentina, Lara Alarcón utiliza a voz como instrumento em meio a uma potente parede de ruído.
Novas Frequências sem festa não é Novas Frequências. Quiçá como flashback da edição de 2023, quando o festival se inspirou no Carnaval para montar sua programação, o local escolhido para este ano é uma quadra de escola de samba, mais especificamente a Fala Meu Louro. Quem se apresenta é a catártica e incendiante Teto Preto, que faz a estreia ao vivo do seu segundo álbum no NF. Também de São Paulo, a produtora musical, DJ, atriz e sonoplasta Nãovenhasemrosto traz à tona suas sonoridades com elementos de matriz africana e batidas pesados, além de produções autorais. Artista de muitas personas e gêneros musicais, Agazero é colaborador da Kelela, autor de trilhas para desfiles de moda mundo afora e atração do próximo Lollapalooza. DJ e produtora chilena radicada no Brasil, Valesuchi ganhou reputação por sets emocionantes e envolventes que colocam o groove no centro. Com um forte apreço pela música de pista e em sintonia com as pesquisas sobre o funk carioca, LYZZA e CIANA se apresentam em outros palcos do festival: o Solar dos Abacaxis e o Galpão Dama, respectivamente. Nascida em Volta Redonda e hoje morando na Holanda, LYZZA reconecta continentes através de seu pop vanguardista e batidas entre o funk e o UK drill. Já CIANA se dedica à pesquisa de movimentos eletrônicos afrodiaspóricos e latinos ao redor do mundo.
Além da Alemanha, outro país que tem atraído brasileiros é a Holanda. Rafaele Andrade toca um violoncelo hi-tech feito em impressora 3D e materiais biodegradáveis dotado de sensores e um sistema eletrônico. Carmen Jaci utiliza sons híbridos que misturam instrumentos acústicos com sintetizadores e gravações vocais, explorando a brincadeira e redescoberta de um senso de encantamento típico da infância.
Há dez anos, desde 2014, o NF vem criando experiências imersivas em ruas e espaços públicos, abraçando a cidade e tornando-a palco do festival. Nesta edição, essa característica se manifesta no Leão Etíope do Méier (Praça Agripino Grieco) e na Rua do Rosário, em frente ao novo endereço da Galeria Refresco. Juntando-se à Vera Fischer Era Clubber e à Prefeitura do Rio na "Refresco", está a energia e o caos electro-punk do duo de SP Meta Golova. Já no "Leão Etíope", Vasconcelos Sentimento divide o espaço com Caxtrinho, M. Takara & Carla Boregas e Marco Scarassatti, Maya Quilolo & Ibã Huni Kuin. Viciado em samples, os sets de Vasconcelos giram em torno de experimentação eletrônica com grooves caóticos e livres, acompanhados de improvisações e edições ao vivo.
In memoriam: Cássia Siqueira e João Rebello (John Woo/Vunje)