festival novas frequências

A 13ª edição do
Novas Frequências

A programação do NF23 se divide em dois eixos principais: exposição e shows/performances. Com duração que vai do 06 ao 22 de dezembro, o Futuros – Arte & Tecnologia recebe uma mostra coletiva, batizada “Séculos de Gritos, Milênios de Ritos”, que reúne quatro instalações assinadas por Caio Rosa, Levante Nacional Trovoa, Tiganá Santana e o trio formado por Ana Lira, Nathalia Grilo e Alexandre Fenerich. As obras, todas inéditas, versam sobre a ancestralidade e a interação comunitária do Carnaval sob diferentes aspectos, aproximando turmas de bate-bola, as tias do samba e os lendários blocos Cacique de Ramos e Ilê Aiyê.

A proximidade com o Carnaval (pelo menos com o Carnaval da festa) também se faz presente na Roda de Sample, projeto criado por R Vincenzo em São Paulo e que, tal como numa roda de samba tradicional, organiza músicos ao redor de uma sessão de improvisação. A diferença é que saem o surdo, o pandeiro, o repique, o violão e o cavaquinho e entram máquinas e baterias eletrônicas. Integram a roda diferentes beatmakers, DJs, músicos e produtores: Capetini, Letrícia, Numa Gama, Paulinho Bicolor, o franco-senegalês Ardo e a própria curadora do festival KENYA20HZ, Paulinho Bicolor e R Vincenzo.

A música eletrônica, agora em formato de pista de dança, se dá em um dos principais redutos carnavalescos da cidade, o Cordão do Bola Preta, na Lapa, em um evento com Badsista, Glau Tavares, JLZ, Turma Kuka de Realengo e Idlibra, além de Asna, costa marfinense baseada entre Abidjan e Paris. No som, funk, hard techno, drum and bass, batidas africanas contemporâneas e outras geografias sonoras provenientes de coletividades racializadas ao redor do mundo.

O funk também aparece de outras formas no NF, via Artelheiro. Ele é um dos destaques do Nebulosa, selo que vem se destacando na cena paulistana por combinar o ritmo com rap, samba rock e o pagode dos anos 90. O músico se apresenta na Areninha Carioca Herbert Vianna, na Maré,  no mesmo domingo em que o público poderá ver o inédito encontro entre os percussionistas da nova e da velha geração Rodrigo da Maré e Índio da Cuíca.

A folia do Novas Frequências também olha para fora do Brasil, aludindo ao Carnaval de Notting Hill, o carnaval caribenho em Londres, que em 2023 homenageou os 50 anos do dub, os 75 anos da Windrush Generation – nome dado à primeira geração de trabalhadores negros originários das colônias inglesas no Caribe que aportou na Inglaterra no final dos anos 40 – e Jah Shaka, a figura mais emblemática da cultura de sistemas de som no Reino Unido, falecido em abril passado. O encontro, gratuito, apresenta três sistemas de som/coletivos com histórias bem diferentes e propõe uma linha do tempo da música jamaicana e da cultura do grave mundial – inclusive o brasileiro. São eles Digitaldubs, Jamaicaxias (apresentando uma série de convidados, como ANTCONSTANTINO, DJ Bombs, Kbrum e Terrobixa) e Costa Atlântica Sound System.

Penetras no baile de Carnaval são as estrelas da música pop-experimental Lucrecia Dalt e Marina Herlop. Colombiana radicada em Berlim, a feiticeira sonora Lucrecia teve seu oitavo álbum, Ay!, premiado com a distinção de melhor álbum de 2022, de acordo com a bíblia da vanguarda que é a revista The Wire. Já Marina, compositora, vocalista e pianista catalã, possui uma sonoridade impulsionada por sua notável voz. Ambas chegam ao Rio depois de passar pela segunda edição do festival Primavera Sound em São Paulo.

A música instrumental com matrizes afro-brasileiras é um dos realces desta edição. Nuances mais jazzísticas surgem no trabalho de José Arimatéa, trompetista e compositor que harmoniza ritmos baianos, Stravinsky, fusion e jazz modal. O Satanique Samba Trio é um quinteto instrumental de Brasília que deriva pelos mais diversos gêneros da música brasileira, especialmente o samba e o forró, em meio à dissonâncias e distorções rítmicas inspiradas no que chamam de “estética do Satanismo Tropical”. MusikEletroFolk é um projeto liderado por Spirito Santo, líder do seminal Grupo Vissungo, banda criada no Rio de Janeiro em 1975 que ia do jongo ao samba, da congada à música angolana e ao afrobeat. Especialmente para o Novas Frequências, o MusikEletroFolk traz uma formação com marimbas, kalimbas e tambores eletrônicos. Trio formado por Letrícia, Ruan e Trevo, o 7FA apresenta uma roda de música experimental eletroacústica baiana centrada no berimbau, que funciona não só como instrumento sonoro mas também como um gerador energético. Do Ceará, Uirá dos Reis une samples de sons e imagens para contar uma história acerca de sua negritude e homossexualidade, combinado Glauber Rocha, Ricardo Aleixo, Zózimo Bulbul, percussão de samba e de terreiro, batidas de funk-br e sintetizadores eletrônicos.

O bloco performático não poderia ficar de fora. Através de risos sincronizados com instrumentos percussivos do samba, Rafael Bqueer presta uma homenagem aos blocos das caricatas e ao riso como deboche e ação artístico-sonora. Kaloan explora o uso de sensores de movimento de controles Wii no seu corpo para ativar ritmos como pisadinha, forró, arrocha e brega funk, sampleados de um popular Yamaha SX700/s670. Com sons vindos dos lugares mais profundos, como o colo do útero ou o fundo do mar, Kupalua é uma experiência física que irradia ondas sonoras e vozes sussurrantes. Dupla presente na 35ª Bienal de São Paulo, Davi Pontes & Wallace Ferreira desenvolvem uma série de trabalhos com base na identificação e na elaboração radical de suas vivências e pesquisas comuns relacionadas à dança e à experiência do corpo dissidente negro no mundo. A proclamação da vulgaridade, título do primeiro livro da poeta Mila Teixeira, ganha acompanhamento sonoro da beatmaker experimental Raiany Sinara. Por fim, Jennitza, artista sonora da Colômbia radicada na Argentina, que, inspirada no mítico Bloco do Eu Sozinho, personagem folclórico do Carnaval carioca que desfilou sozinho nas ruas da cidade por mais de 50 anos, sai pelas ruas da cidade em locais surpresa performando ataques sonoros com seu clarinete.

Uma constante na programação do Novas Frequências, as residências artísticas surgem em novo formato em 2023. Através de um chamamento público, Alucas do Trópico Sul, Emiciomar e snowfuks irão participar de uma imersão no Labsonica, o laboratório de experimentação sonora e musical do Oi Futuro, aprimorando técnicas e expertises através de mentorias e acompanhamento de profissionais experientes. O resultado final do processo é uma apresentação no encerramento do festival no dia 22 de dezembro no centro cultural Futuros Arte & Tecnologia.

Um dos eventos mais instigantes desta edição é a tarde heavy metal na Areninha Carioca Gilberto Gil, em Realengo. Formada por Zé Pelintra, Omulu, Pombagira e os Exus Caveira, Tranca-Rua e Tiriri, a banda Gangrena Gasosa tornou-se mundialmente famosa por inventar um estilo que ficou conhecido como saravá-metal. Quem abre os trabalhos é o Praga, grupo de black metal que exala a revolta contra ideologias opressoras, pregando a liberdade, libertinagem e volúpia.

O metal, em um de seus desdobramentos mais rápidos e agressivos, também aparece no encerramento do festival. Formado por um dos bateristas mais incensados da cena mundial (bateria nota 10), Barata, e o guitarrista e vocalista João Kombi, o duo paulistano de grindcore Test surge na sexta-feira de cinzas do NF em uma versão inédita no Rio, se apresentando na rua em formato de “big band” ao lado de uma série de músicos convidados. O produtor musical, DJ e artista visual Pujollll se apresenta logo em seguida com um set de BPM’s acelerados.   

O Festival
Novas Frequências

Desde sua primeira edição em 2011, o Novas Frequências se configura como um festival internacional que promove a música experimental, a música de vanguarda e a arte sonora, buscando ressignificar a relação da arte com a cidade do Rio de Janeiro e o ecossistema cultural local. Ao longo dos anos, o festival ocupa casas de show de diversos tamanhos e propostas, salas de concerto, instituições de arte, espaços públicos e lugares inusitados – como igrejas, galpões, escolas, praias e cachoeiras.

Assim, o Novas Frequências propõe uma relação 360º com a música e experiências distintas daquilo que se imagina em um festival tradicional, promovendo performances, instalações, festas, projetos comissionados, site specifics, palestras, oficinas, cursos, residências artísticas e caminhadas sonoras.

O Festival Novas Frequências é viabilizado com o patrocínio do Governo do Estado do Rio de Janeiro, da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, da Secretaria Municipal de Cultura por meio do Programa de Fomento à Cultura Carioca – FOCA e da empresa Oi,  através da correalização do Centro Cultural Oi Futuro e do Labsonica. Apoio do Goethe-Institut e do Consulado da França no Rio de Janeiro, no âmbito da cooperação franco-alemã Juntes na Cultura, Amplify, Artlab, British Council, Fundación Williams, Dragão do Mar. Filiação: ICAS – International Cities of Advanced Sound e Abrafin. Realização: Outra Música.

Quem tá junto

Curadoria Festival
KENYA20HZ, Nathalia Grilo, Chico Dub

Curadoria Exposição Séculos de Gritos, Milênios de Ritos
KENYA20HZ, Nathalia Grilo, Chico Dub

Direção Geral
Chico Dub

Gestão de Projeto / Direção de Produção
Natália Lebeis

Produção Executiva
Ray Farias

Coordenação Técnica
Dani Pinheiro

Produção
Nuala Brandão, Maria Claudia Aleixo

Assistência de Produção (técnica)
Camila Brasil

Produção Residência NF/Labsonica
Igor Souza

Som
Dani Pastore, Pedro Azevedo, Zé Felipe

Iluminação
Camille Laurent

Assistência de Produção (iluminação)
Bárbara Cristina

Filmagem e Fotografia
Anaelena Toku, Pedro Kuster, Larissa Lebeis

Arquiteta
Joseane Alves

Montagem
Alex Augusto 

Monitores exposição
Andressa Cristina, Hislany Midon, Palloma Equer, Wes Poente

Programação visual
Tereza Bettinardi e Lucas D’Ascenção

Assessoria de Imprensa e Comunicação
Agência Bianco (Cleide Morais e Yasmim Bianco)

Controller
Cida de Souza

Contabilidade
Ione Melo

Idealização
Chico Dub e Tathiana Lopes

Patrocínio
Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura por meio do Programa de Fomento à Cultura Carioca – FOCA, Oi

Apoio Institucional
Goethe-Institut, Consulado da França no Rio de Janeiro, no âmbito da cooperação franco-alemã Juntes na Cultura, Centro Dragão do Mar

Apoio
Selina, Amplify, Artlab, British Council, Fundación Williams, Selo Igual/WME

Filiação
ICAS – International Cities of Advanced Sound, Abrafin

Correalização
Futuros – Arte e Tecnologia
Labsonica

Realização
Outra Música

RISO
RITUAL