Irmãs Brasil é uma dupla existência de corpas estranhes e artistas travestis formada por Viní Ventania e Vitória Jovem. Nascides em uma família de peões de rodeio em Amparo, foram criades no ambiente machista do interior de São Paulo. As primeiras referências artísticas vieram da família: o pai, palhaço de rodeio; a mãe, rainha de bateria. Hoje radicadas no Rio de Janeiro, o trabalho artístico da dupla coloca em choque as linguagens da dança, do teatro e da performance com operações de imagens e signos para criar desvios nas tecnologias heteronormativas e coloniais. Buscam criar um estado constante de acidentes, escuta e relações em rituais de preparação da carne que dão acesso ao sobrenatural. Partem da necessidade de escaparem vivas, bem como de presentificar fantasmas e arrebatamentos. Indicadas ao prêmio PIPA 2020, o trabalho que desenvolvem apontam questões urgentes à sobrevivência de corpas dissidentes.
Seus trabalhos estiveram presentes em exposições coletivas como ELÃ – o nome que a gente dá às coisas, no Galpão Bela Maré e Estado de Graça, na Galeria Pence, ambas no Rio de Janeiro, entre 2019 e 2020. Recentemente participaram da ação A disputa do Brasil na abertura da exposição Uóhol de Rafael Bqueer – Uhura Bqueer e participaram da mesa de debate sobre performatividade de genêro – Corpo Nós, ambas no Museu de Arte do Rio (MAR).
Concebido especialmente para o Novas Frequências, a instalação audiovisual Pink projeta narrativas de diversas partes do mundo onde os direitos humanos são violados. Nesse pequeno jardim à frente das paisagens bélicas, duas travestis traçam estratégias de defesa e permanência. “Como sobreviver a essas realidades de condenação? Como produzir memória sobre as nossas existências? Como juntas podemos adiar o fim? Como encontrar os nossos amuletos em meio às ruinas? Existir em frente a esses disparos e construir possibilidades de vida. É sempre um risco aparecer!”