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Felipe Nunes
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Felipe Nunes (A.K.A Xangô de Guban) é artista visual, angoleiro e ogã. Suas vivências musicais e espirituais são as giras que ressoam no desenvolvimento dos trabalhos no campo analógico, digital e ancestral. Desde 2015 movimenta-se entre Arte e Tecnologia, desdobrando recriações que transitam pelo multiverso Gráfico, Sonoro, Digital, Pintura & 3D. Assinou as identidades visuais do Encontro de Cinema Negro Zózimo BulBul de 2019, do espetáculo da Cia. Marginal “Hoje não saio daqui”, do novo site do coletivo Batekoo, além de elaborar criações para GEGE Produções e para artistas como Marcelo Yuka e Rodrigo Maré.

 

Pesquisa os signos dos povos diaspóricos como ativação de fundamentos para compor forma e força no atravessamento do corpo físico e metafísico do seu método criativo-intuitivo. Os territórios da cidade alimentam sua boca e cabeça no ir e vir das andanças diárias.

A peça criada por Felipe Nunes para o NF 2021 é uma galeria virtual onde é possível navegar pelas diferentes obras,comissionadas para o festival. O espaço imersivo 3D se constitui como se fosse uma encruzilhada, lugar de edificação sagrada e/ou encontro. O contexto é o de 2021, como descreve o artista: 

 

“Pós pandemia, dezembro de 2021. Lapa lotada, frenesi, muitos eventos acontecendo no céu e na terra. Mil tretas, mil trutas. A situação política do país em colapso. Os algoritmos interligados. Quase todo mundo tentando reencontrar sua identidade e se encontrando no ciberespaço. Kloe está na Lapa bebendo entre amigos, celebrando a aprovação de sua amiga Lara no mestrado na cidade de Lagos – Nigéria. Kloe tem mediunidade mas não tem consciência de sua ancestralidade. Sempre, ou quase sempre, quando consome bebida alcoólica, geralmente a partir da sexta garrafa, ela entra em um estado de letargia, um universo semi-encantado, que ela chama de brilho, ou alegria radiante. Porém, está sob imantação espiritual, conduzida pela cigana Odara, uma das suas guias de frente.

 

Entre uma conversa e outra, Kloe vai ao banheiro. Nesse momento, na fila, Kloe encontra uma mulher, uma cigana, uma pessoa de verdade, vestida de vermelho e dourado, e fica ali bem parada na sua frente. Ciara se apresenta e elogia seus olhos. A menina encantada se reconhece na energia de Ciara. Se sente leve e equilibrada, com a sensação de alumbramento que só sentia quando estava em festa com sua família em casa e no sítio de sua madrinha Diana. Conduzida por Ciara, Kloe é guiada ao reino encantado de Yeye Pondá. O reino de Oxum – aquela que floresce e faz crescer, cura nas águas da justiça, aquela que despreza o invejoso, e, por isso, entra na feira dançando sozinha.”